Por que eu sou Desportiva?
Eu sou torcedor do Fluminense desde 1946 – quando eu ia completar 12 anos – e desde 1964 passei a ser, também, torcedor da Desportiva Ferroviária. O motivo que adotei o Fluminense como meu time deve ser porque ele foi campeão em 1946. Agora, o motivo porque passei a ser, também, torcedor de um outro time, vou contar agora.
Em 1956, quando completava 21 anos, sai de Águia Branca (onde morava com o meu pai Francisco e a minha mãe Aspasia) direto para o Rio de Janeiro, onde trabalhei Rio Gráfica Editora, empresa do doutor Roberto Marinho e onde me torneio jornalista profissional.
Fiquei na Cidade Maravilhosa por seis anos, quando decidi regressar para o ES, agora para São Gabriel da Palha, onde então moravam os meus pais e onde conheci Maria de Lourdes com quem me casei.
Em 1964 mudei para Vitória e para trabalhar em A Gazeta, cuja sede era na General Osório, bem em frente da “120”, então famosa casa de prostituição de Vitória… .
Já radicado em Vitória, onde tinha um futebol de boa qualidade, decidi que deveria dividir o meu amor futebolístico entre o meu Fluminense e um clube capixaba. Mas, qual?
Bom, me lembro que os jornalistas que ocupavam a velha redação da General Osório eram todos torcedores do Rio Branco. Era uma redação alvinegra…
A Desportiva estava surgindo. Aí teve um concurso de Miss ES e a Desportiva concorria com uma bela morena chamada Aurora Romano e o Rio Branco com uma branquinha, a Solange Leão.
O concurso acontece na antiga sede social do Álvares Cabral, localizado na Costa Pereira. Apesar de toda a beleza da morenaça Aurora, o júri (creio que todo Capa Preta…) escolheu a candidata do Rio Branco.
Achei aquilo uma enorme injustiça – para não dizer sacanagem – e a única maneira que encontrei pra protestar foi a de dizer:
-Bom, daqui pra frente, além do Fluminense, tenho outro time pra torcer: Desportiva Ferroviária!
Desde de então, o time grená ganhou este torcedor fiel que, num encontro Desportiva x Fluminense, teve a coragem de cometer uma terrível traição: torcer para uma vitória do adversário da equipe tricolor…
José Antônio N. do Couto (JANC)
Jornalista